quinta-feira, 24 de março de 2016

Helena Maia: nossas homenagens ontem, hoje e sempre



Helena Maia: nossas homenagens ontem, hoje e sempre

A música de tradição clássica/erudita europeia foi introduzida na região amazônica pelo processo colonizador, num vínculo estreito com as ordens missionárias aqui estabelecidas. Assim, foi adquirindo força até a criação do Instituto Estadual Carlos Gomes, em 24.02.1985 (SALLES, 2012), terceiro estabelecimento no gênero “conservatório de música” criado no Brasil. Neste período, a família Nobre já contava com membros músicos:

A família Nobre sempre se caracterizou pela aproximação com a música – o bisavô de Helena Maia, o músico Bernardino Antonio da Silva Nobre (1814 - 1878), parece ter sido o precursor dessa geração de músicos – pai do timpanista Aristides Nobre, do flautista Gentil Augusto da Silva Nobre e do flautista e pianista Raymundo Augusto da Silva Nobre – a qual se solidificou com o casamento de seu filho, Gentil Augusto Nobre (1838 - 1888) com Maria Francisca do Couto, pianista (também conhecida como Marocas) (BARROS, MAIA, 2006, p.482).

O conservatório, como até hoje é carinhosamente chamado, teve sua primeira fase encerrada em 1908, depois reaberto em 1929, apenas com as cadeiras de piano, violino e canto. Neste meio tempo, diversas práticas musicais fervilhavam em Belém nos grupos de regionais, nas pequenas orquestras formadas para acompanhar as rádios da cidade, nos ofícios realizados nas igrejas, nas bandas de música civis, militares e religiosas, nas operetas e dramas de teatro, nos bailes de chorinho, carimbó, nos terreiros de religiões afro-brasileiras e em inúmeras outras práticas musicais ocorrentes na cidade. Durante as décadas de 30 e 60, os Irmãos Helena e Ulysses Nobre encantavam a cidade com suas belas vozes e sua incrível trajetória marcada pelo talento, reconhecimento, performances e pela tragédia da hanseníase. Em 1937 nasceu Helena Maia que, depois, viria a ser acompanhante oficial dos Irmãos Nobre, iniciando uma carreira musical ascendente. Helena Maia foi aluna de Enid Barroso Rebelo, no Instituto Carlos Gomes, na segunda fase do instituto e, sempre com destacada atuação como pianista e camerista, recebeu diversos prêmios. Depois de formada, teve aulas com Arnaldo Estrela e José Kliass, tendo depois sido orientada em seu mestrado pela professora Esther Naiberger na Escola de Música do Rio de Janeiro em 1984. Sua trajetória mais detalhada está na sua biografia escrita por mim e por sua filha Gilda Maia (BARROS, MAIA, 2009). A partir da década de 1969 passou a ensinar no recém-criado Serviço de Atividades Musicais – SAM (antes denominado Centro de Atividades Musicais) sendo responsável por diversas disciplinas, além do piano, bem como desenvolveu muitos trabalhos destacados como solista e camerista, acompanhando músicos nacionais e internacionais (BARROS, GOMES, 2003). Fez diversos cursos de aperfeiçoamento no sul e sudeste do país e sempre esteve ligada nas novas vertentes de ensino de música, implementando sempre em suas aulas (BARROS, MAIA, 2006). Atuou, também, como regente da Orquestra Jovem do SAM, demonstrando a extensão de sua atividade como artista-musicista, para além da pianista e professora de música (BARROS, GOMES, 2003).
Quando da criação do bacharelado em música da Universidade do Estado do Pará, Helena Maia foi uma das pianistas convidadas para atuar como professora, juntamente com a pianista, professora, ex-diretora do IECG e, na ocasião, superintendente da Fundação Carlos Gomes, Maria da Glória Boulhosa Caputo. Ambas as professoras foram responsáveis por formar um grande número de alunos pianistas. Helena Maia, além de sua atuação como professora, sempre atuou como pianista acompanhante tanto de estudantes de instrumentos de sopro, cordas e canto do próprio bacharelado quanto de músicos visitantes do estado.
Neste momento eu, Líliam Barros, como líder e representante do Grupo de Pesquisa Música e Identidade na Amazônia – GPMIA, rendo homenagens à professora Helena Maia e reitero a importância de sua trajetória para o estado do Pará.




Referências
Barros, Líliam e Luciane, Gomes. Memória e História: 40 anos de Escola de Música da UFPA. Belém/Pará: EDUFPA, 2013.
Barros, Líliam e Maia, Gilda. “Nobre Família, Nobre Lenita: breve estudo do individual em música”. In Anais do XVI Congresso da ANPPOM, Brasília, 2006. Disponível em: http://www.antigo.anppom.com.br/anais/anaiscongresso_anppom_2006. Acessado em: 24.03.2016.
Barros, Líliam e Maia, Gilda. Ode a uma Nobre Pianista. Belém/Pará: PAKATATU, 2009.
Salles, Vicente. “Memória Histórica do Instituto Estadual Carlos Gomes” In Memórias do Instituto Estadual Caros Gomes (Líliam Barros e Ana Maria Adade, orgs). Belém/Pará: Imprensa Oficial do Estado, 2012.


quinta-feira, 17 de março de 2016

II Encontro da ABET/NORTE e II Colóquio Amazônico de Etnomusicologia

O Laboratório de Etnomusicologia (LabEtno) da Universidade Federal do Pará e o Grupo de Estudos Musicais na Amazônia (GEMAM) da Universidade do Estado do Pará realizam o II Encontro Regional Norte da Associação Brasileira de Etnomusicologia – ABET e o II Colóquio Amazônico de Etnomusicologia. Os eventos constituem-se espaço institucionalizado de debates e de socialização de pesquisas na área da Etnomusicologia. Em 2016, os eventos acontecerão no período de 22 a 24 de junho, no Auditório do Programa de Pós-Graduação em Artes da UFPA, com o tema: “Etnomusicologia na contemporaneidade: diálogos disciplinares e interdisciplinares", reflexões sobre a Etnomusicologia na contemporaneidade, a disciplinaridade/interdisciplinaridade da área e investigações em seus modi operandi que distinguem, identificam contextos e suas culturas.
O evento compreenderá Conferência, Mesas Redondas, sessões de Comunicações e Apresentações artísticas, e envolverá convidados nacionais e da Amazônia.
Submissões abertas!
http://iienabetnorte.wix.com/iienabetnorte