Helena
Maia: nossas homenagens ontem, hoje e sempre
A música de tradição clássica/erudita europeia foi introduzida
na região amazônica pelo processo colonizador, num vínculo estreito com as
ordens missionárias aqui estabelecidas. Assim, foi adquirindo força até a
criação do Instituto Estadual Carlos Gomes, em 24.02.1985 (SALLES, 2012),
terceiro estabelecimento no gênero “conservatório de música” criado no Brasil. Neste
período, a família Nobre já contava com membros músicos:
A família Nobre sempre se caracterizou pela
aproximação com a música – o bisavô de Helena Maia, o músico Bernardino Antonio
da Silva Nobre (1814 - 1878), parece ter sido o precursor dessa geração de
músicos – pai do timpanista Aristides Nobre, do flautista Gentil Augusto da
Silva Nobre e do flautista e pianista Raymundo Augusto da Silva Nobre – a qual
se solidificou com o casamento de seu filho, Gentil Augusto Nobre (1838 - 1888)
com Maria Francisca do Couto, pianista (também conhecida como Marocas) (BARROS,
MAIA, 2006, p.482).
O conservatório, como até hoje é carinhosamente
chamado, teve sua primeira fase encerrada em 1908, depois reaberto em 1929,
apenas com as cadeiras de piano, violino e canto. Neste meio tempo, diversas
práticas musicais fervilhavam em Belém nos grupos de regionais, nas pequenas
orquestras formadas para acompanhar as rádios da cidade, nos ofícios realizados
nas igrejas, nas bandas de música civis, militares e religiosas, nas operetas e
dramas de teatro, nos bailes de chorinho, carimbó, nos terreiros de religiões
afro-brasileiras e em inúmeras outras práticas musicais ocorrentes na cidade.
Durante as décadas de 30 e 60, os Irmãos Helena e Ulysses Nobre encantavam a cidade com suas
belas vozes e sua incrível trajetória marcada pelo talento, reconhecimento,
performances e pela tragédia da hanseníase. Em 1937 nasceu Helena Maia que,
depois, viria a ser acompanhante oficial dos Irmãos Nobre, iniciando uma
carreira musical ascendente. Helena Maia foi aluna de Enid Barroso Rebelo, no
Instituto Carlos Gomes, na segunda fase do instituto e, sempre com destacada
atuação como pianista e camerista, recebeu diversos prêmios. Depois de formada,
teve aulas com Arnaldo Estrela e José Kliass, tendo depois sido orientada em
seu mestrado pela professora Esther Naiberger na Escola de Música do
Rio de Janeiro em 1984.
Sua trajetória mais detalhada está na sua biografia escrita por mim e por sua
filha Gilda Maia (BARROS, MAIA, 2009). A partir da década de 1969 passou a
ensinar no recém-criado Serviço de Atividades Musicais – SAM (antes denominado
Centro de Atividades Musicais) sendo responsável por diversas disciplinas, além
do piano, bem como desenvolveu muitos trabalhos destacados como solista e
camerista, acompanhando músicos nacionais e internacionais (BARROS, GOMES, 2003).
Fez diversos cursos de aperfeiçoamento no sul e sudeste do país e sempre esteve
ligada nas novas vertentes de ensino de música, implementando sempre em suas
aulas (BARROS, MAIA, 2006). Atuou, também, como regente da Orquestra Jovem do SAM,
demonstrando a extensão de sua atividade como artista-musicista, para além da
pianista e professora de música (BARROS, GOMES, 2003).
Quando da criação do bacharelado em música da
Universidade do Estado do Pará, Helena Maia foi uma das pianistas convidadas
para atuar como professora, juntamente com a pianista, professora, ex-diretora
do IECG e, na ocasião, superintendente da Fundação Carlos Gomes, Maria da
Glória Boulhosa Caputo. Ambas as professoras foram responsáveis por formar um
grande número de alunos pianistas. Helena Maia, além de sua atuação como
professora, sempre atuou como pianista acompanhante tanto de estudantes de
instrumentos de sopro, cordas e canto do próprio bacharelado quanto de músicos
visitantes do estado.
Neste momento eu, Líliam Barros, como líder e
representante do Grupo de Pesquisa Música e Identidade na Amazônia – GPMIA, rendo
homenagens à professora Helena Maia e reitero a importância de sua trajetória
para o estado do Pará.
Referências
Barros, Líliam e Luciane, Gomes. Memória e História: 40 anos de Escola de Música da UFPA. Belém/Pará:
EDUFPA, 2013.
Barros, Líliam e Maia, Gilda. “Nobre Família, Nobre
Lenita: breve estudo do individual em música”. In Anais do XVI Congresso da ANPPOM, Brasília, 2006. Disponível em: http://www.antigo.anppom.com.br/anais/anaiscongresso_anppom_2006.
Acessado em: 24.03.2016.
Barros, Líliam e Maia, Gilda. Ode a uma Nobre Pianista. Belém/Pará: PAKATATU, 2009.
Salles, Vicente. “Memória Histórica do Instituto
Estadual Carlos Gomes” In Memórias do
Instituto Estadual Caros Gomes (Líliam Barros e Ana Maria Adade, orgs).
Belém/Pará: Imprensa Oficial do Estado, 2012.
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